Precisa Mesmo dos Projetos Complementares?

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Esse assunto dos projetos complementares é sempre um desconforto para mim no que diz respeito ao relacionamento com meus clientes.

É que na maioria das vezes, e naturalmente, o médico ou dentista que me procura é relativamente leigo no assunto e acredita que com o projeto de arquitetura em mãos é possível dar início às obras.

Para piorar, geralmente ele acha o projeto de arquitetura “caro”… e olha que nossos preços são mais baixos que a média do mercado, mas é por pura falta de familiarização com nossa área mesmo.

Diante dessas duas expectativas de projeto e de investimento, como explicar ao cliente que além da arquitetura serão necessários mais projetos?

Embora não sejam projetos elaborados pela gente, acaba sendo o arquiteto que tem que “vender” os projetos complementares. Se não por recomendar os profissionais para o cliente contratar, pelo menos para instruí-lo da necessidade desses projetos.

 

Que Projetos São Esses?

 

O projeto de Arquitetura é sim a projeção-mestra que irá nortear todas as demais ações que levarão à consumação física da clínica ou hospital-dia.

Mas ao contrário do que pode parecer, ele sozinho não é suficiente.

A partir das decisões de projeto do arquiteto, vários outros projetos, serviços e documentos deverão ser produzidos de forma a viabilizar a construção.

Quantos e quais? Isso dependerá do porte e das características específicas da sua clínica e dos procedimentos que ela abrigará.

Com mais frequência do que eu gostaria, os clientes me procuram sem fazer a menor ideia disso e tomam um susto ao perceber que o projeto de arquitetura “é só o começo” – e o meio e o fim também, aliás.

Eu acompanho o cliente das primeiras concepções até o final da obra, mas nesse processo todo serão vários outros profissionais, com as mais diferentes especialidades, que participarão de forma decisiva.

Para você ter uma visão panorâmica da maior parte dos demais profissionais, projetos e documentos que poderão ser necessários para a construção da sua clínica, e assim prevenir surpresas e sobressaltos, segue uma lista simplificada:

 

  • Levantamento Cadastral do Imóvel: talvez mais da metade dos nossos projetos de clínicas e hospitais-dia sejam adaptações em imóveis pré-existentes. Para poder projetar é necessário desenhar o imóvel “as built”, como ele é na realidade. Para ter certeza de que estamos projetando sobre a realidade é preciso medir o imóvel todinho e desenhá-lo com fidelidade. Sobre esses desenhos elaboramos nossa proposta arquitetônica.

 

  • Levantamento Planialtimétrico do Terreno: quando se trata de uma obra nova sobre um terreno vazio, ocorre o mesmo. É necessário saber exatamente as dimensões e os desníveis do terreno, assim como todos os elementos de interferência como árvores, postes, cercas etc. Quem faz isso é o Topógrafo.

 

  • Paisagismo: sempre que a Clínica ou Hospital-Dia tiver jardim, mesmo que seja todo em vasos, fazemos o projeto de paisagismo. Repare que não se trata apenas de harmonização estética. É preciso especificar espécies que convivam bem entre elas, que aceitem a iluminação e insolação do local e o tipo de plantio. Que, por exemplo, não soltem muitas folhas se estiverem perto de um espelho d’água, nem tenham pontas afiadas onde haverão crianças brincando etc

 

  • Projeto Legal: ou vulgarmente conhecida por “planta de prefeitura”. As prefeituras de cidades maiores adotaram o “Projeto Simplificado”. Tem esse nome porque é focado em mostrar apenas as características do projeto que são regulamentadas pelas leis municipais e nada mais. Mas de simples não tem nada. Uma série de tabelas de cálculos acompanham um desenho muito especializado. Eu mesma não sei fazer, temos uma parceira especializada que faz para nós.

 

  • Sondagem do Solo: quando a construção é nova ou uma ampliação, será necessário fazer um projeto da estrutura (o que mantém o prédio “em pé”), mas para que o engenheiro estrutural possa calcular as fundações (base da estrutura no solo), ele precisa saber qual é a resistência de suporte do solo em quais profundidades. A sondagem é que faz essa análise.

 

  • Cálculo Estrutural: com a sondagem em mãos, agora sim o engenheiro “calculista estrutural” poderá fazer o projeto da estrutura da edificação com toda segurança.

 

  • Instalações Elétricas: para edificações novas ou as existentes com instalações elétricas muito antigas, ou que precisarão de ampliações, este é um projeto mandatório. Ele garante a segurança das instalações, dos usuários e dos equipamentos da clínica.

 

  • Instalações Hidrossanitárias: este é o projeto da reserva de água, aquecimento de água e do caminhamento de todas as águas. Água fria, água quente, águas pluviais e Esgoto.

 

  • Gases Medicinais e Combustíveis: projeto da Central de Gases e de seu caminhamento, alarmes, sistemas automatizados etc

 

  • Climatização e Tratamento do Ar: vulgarmente conhecido por ar condicionado. Estes projetos, assim como os demais acima, requer uma série de cálculos e o atendimento a normativos específicos para cada tipo de utilização dos ambientes. Principalmente no que diz respeito a Centro Cirúrgico, CME e Salas Limpas. O Ar Condicionado não regula somente a temperatura do ar ambiente, mas também sua umidade, sua renovação, pressão e filtragem.

 

  • Exaustão: são os sistemas específicos para extrair o ar do interior dos ambientes, seja pela geração de odores, gases, vapores. Por exemplo, em salas de Criopreservação, é obrigatória a captação de ar no nível do piso para exaustão constante, para o caso de vazamentos.

 

  • SPDA – Sistema de Proteção a Descargas Atmosféricas: vulgo sistema de pára-raios. Essencial para a segurança da edificação, seus usuários e equipamentos, este projeto é obrigatório por lei, a partir de determinado porte e características específicas da edificação.

 

  • PPCI – Prevenção e Combate a Incêndios: este também é um projeto obrigatório a partir de certas características da edificação, é mais conhecido como “projeto de bombeiros”.

 

  • Proteção Radiológica: se sua clínica ou hospital-dia tiver algum procedimento com uso de radiações ionizantes, como o Raio-X, é preciso calcular a proteção radiológica dos ambientes do entorno, o que é feito por físicos médicos.

 

  • Luminotécnico: em algumas situações específicas, convém contratar um projeto luminotécnico com profissional especializado. A iluminação artificial não tem apenas um papel funcional, mas suas tonalidades, intensidades e direções promovem sensações de conforto aos ambientes e de estética a fachadas, por exemplo.

 

  • Sinalização e Wayfinding: intimamente ligado ao brand da sua empresa (identidade visual e forma de se comunicar com seu público) e também com a arquitetura, é o sistema de comunicação visual da edificação.

 

É claro que nem todas as clínicas e day-hospitals precisarão de todos estes serviços e projetos.

Esta lista, longe de esgotar o assunto, é apenas para te familiarizar com esses outros projetos e serviços que são necessários para uma obra eficaz e para que o resultado seja de ambientes construídos funcionais e seguros.

E, claro, para você não se assustar quando o arquiteto te avisar que além do projeto de arquitetura você precisará de alguns outros projetos e serviços antes de dar início às obras.

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